segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sun.

(...) "Contra toda a razão, meus lábios se moviam com os dele de formas estranhas e perturbadoras, como nunca se moveram antes - porque eu não precisava ter cuidado com Jacob e ele certamente não estava sendo cuidadoso comigo.
Meus dedos agarraram seu cabelo, mas eu agora o puxava para mais perto.
Ele estava em toda a parte. O sol penetrante tornou minhas pálpebras vermelhas, e a cor combinava com o calor. O calor estava em toda a parte, eu não conseguia ver nem sentir nada que não fosse Jacob.
A pequena parte de meu cérebro que manteve a sanidade gritava perguntas para mim.
Por que eu não estava impedindo aquilo? Pior ainda, por que eu não conseguia encontrar em mim o desejo de parar? Significava que eu não queria que ele parasse? Que minhas mãos se agarraram aos ombros dele e gostaram que fossem largos e fortes? Que as mãos dele me puxassem apertado demais em seu corpo, e no entanto não fosse apertado o bastante para mim?
As perguntas eram idiotas, porque eu sabia a resposta: eu estava mentindo para mim mesma.
Jacob tinha razão. Teve razão o tempo todo. Ele era mais do que apenas meu amigo. Por isso era tão impossível me despedir dele - por que eu estava apaixonada por ele. Também. Eu o amava, muito mais do que devia, e no entanto ainda não era o bastante. Eu estava apaixonada por ele, mas não era suficiente para mudar nada; era só o bastante para magoar a nós dois. Para magoá-lo ainda mais do que eu fizera.
Eu não podia me importar mais do que... do que com sua dor. Eu merecia mesmo qualquer dor que ele me provocasse. Tive esperanças de que fosse ruim. Esperava de fato sofrer.
Nesse momento, senti como se fôssemos a mesma pessoa. A dor dele sempre foi e sempre seria a minha dor - agora a alegria dele era a minha alegria. Eu também me senti alegre, e ainda assim a felicidade dele, de certo modo, também era dor. Quase tangível - ardia contra minha pele como ácido, uma tortura lenta." (...)

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